sexta-feira, setembro 21, 2012

Seres do Parque – sempre-viva-de-mucugê



 
O Parque Nacional da Chapada Diamantina abrange uma grande quantidade de espécies exclusivas da Chapada Diamantina. Periodicamente, o blog do PNCD apresentará um pouco desses Seres Vivos e suas particularidades.

 
Campos de sempre-viva-de-mucugê. Foto Euvaldo
As Sempre Vivas são assim chamadas porque suas flores mantêm, mesmo após destacadas da planta, a mesma aparência que tinham antes. A espécie Sempre-Viva-de-Mucugê só ocorre no interior do Parque Nacional Chapada Diamantina e está ameaçada de extinção, segundo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Portanto sua coleta e comercio é ilegal.
Mesmo assim, devido ao alto valor no mercado europeu, ainda ocorre coleta dessa espécie de Sempre-Viva – no município de Mucugê e no povoado de Igatu, Andaraí. Além do impacto as populações dessa espécie ameaçada de extinção, a coleta de Sempre-Viva-de-Mucugê, é apontada com uma das causas, principais, de incêndio florestal na região – é que os coletores acreditam que ateando fogo nos campos de Sempre-Viva elas crescerão, no próximo ano, robustas.
Atualmente há pesquisas de cultivo da planta in vitro, iniciativa que busca transformar os coletores marginalizados em produtores e assim permitir a existência dessa atividade econômica juntamente com a preservação - da espécie e da área em que elas ocorrem.

A Sempre-Viva de Mucugê
As populações têm pouca variabilidade genética e morfológica (estética). Sua fase vegetativa - período de vida durante o qual a planta não se reproduz, portanto sem flores - constitui grande parte do ciclo, aproximadamente cinco meses, e ocorre durante a estação chuvosa (novembro-março). O número de capítulos, “flores”, por planta pode variar de um a 24. A floração acontece entre junho e agosto, e a frutificação, entre julho e novembro. A dispersão, da semente, ocorre aproximadamente 45 dias após a fecundação, e se estende por quatro meses, durante a estação seca e o início das chuvas. Estudos demonstraram que a Sempre-Viva-de-Mucugê apresenta distribuição agrupada e a dispersão de sementes ocorre em curtas distâncias. As flores, analisadas, exalam um odor adocicado e são visitados por um grande número de espécies que fazem a polinização da planta, sendo os principais polinizadores os Dípteros (uma ordem dos insetos).

Quadros de buque de casamento, na Europa;
Incêndios Florestais e espécie ameaçada de extinção

Buque de flores de sempre-viva-de-mucugê. Foto: Euvaldo
 A coleta da Sempre-viva-de-Mucugê tornou-se uma atividade economicamente importante nas regiões próximas de Mucugê, a partir da decadência do ciclo do diamante, ocorrida no início do séc. XX. Sem alternativas de subsistência, as populações de Igatu (município de Andaraí, limite com Mucugê) e de Mucugê se voltaram para a extração desta planta, que era coletada nos campos e secada nas ruas das cidades. Seu comercio ocorre em Minas Gerais, principalmente na cidade de Diamantina, onde funciona o centro de comercialização das sempre-vivas brasileiras.
Entre as Sempre-Vivas, a de Mucugê, é uma das mais valorizadas; isto se deve principalmente a uma pratica da cerimônia de casamento europeu. É que nesse continente se confecciona quadro com o buque da noiva. E a característica da Sempre-Viva de manterem a mesma aparência, após destacadas, é ideal para esse costume; sendo a espécie de Mucugê mais valorizada devido ao tamanho de seus capítulos, “flores”. O problema é que a espécie está ameaçada de extinção; ocorre somente em uma região do mundo; e sua coleta, além de reduzir o numero de indivíduos dessa espécie, é responsável por graves incêndios florestais no Parque Nacional Chapada Diamantina.

Conservação e Pesquisa
A conservação da Sempre-Viva-de-Mucugê passa por diferentes áreas de ações, que envolvem novos estudos sobre a dinâmica da espécie; conhecer e atuação junto aos coletores; e especialmente por políticas públicas visando à criação, manutenção e consolidação de áreas a serem utilizadas para um manejo eficiente e sustentável. 



O cultivo da espécie pode ser uma importante ferramenta para a conservação da espécie, atualmente germinação in vitro da Sempre-Viva-de-MucugÊ já é dominada e o Parque Municipal de Mucugê vêm desenvolvendo experimentos com plantio. Os resultados preliminares indicam que cerca de 60% das plântulas, embrião vegetal, transplantadas tem obtido êxito em se desenvolver em condições de campo. Desta forma, o cultivo de sempre-viva-de-mucugê poderá se estabelecer como atividade econômica viável em um tempo relativamente curto.
sempre-viva-de-mucugê. Foto: Euvaldo
  
          Agradecimento: a Euvaldo, Projeto sempre-viva-de-mucugê, por ceder as imagens; e a Universidade Estadual de Feira de Santana pela execução da pesquisa.





segunda-feira, setembro 03, 2012

Reunião histórica do Conselho Consultivo, em Igatu



A 41ª reunião ordinária do Conselho Consultivo do Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD), realizada em 17 de agosto de 2012 na vila de Igatu, na qual foi apresentada a minuta do Termo de Compromisso com o Vale do Pati, foi considerada histórica pelos conselheiros.
Mesmo antes de ser assinado, o Termo de Compromisso que vem sendo elaborado em conjunto com as famílias tradicionais do Vale do Pati tem sido considerado um marco positivo na relação da comunidade tradicional com a gestão do PNCD.
A reunião do Conselho Consultivo iniciou às dez horas, contou com a presença de Seu Eduardo e Seu Wilson, pessoas marcantes da historia do Vale do Pati. Nascidos e criados no Pati, ambos são líderes naturais das famílias tradicionais e são focos de grande reconhecimento e afeto por parte dos amantes da Chapada Diamantina – de visitantes a conselheiros.
Durante a apresentação do Termo de Compromisso, Seu Wilson quis destacar que esse projeto incluía o ser humano nas questões relativas ao Parque, opinião que foi concordada por Seu Eduardo.

De fato, o Termo de Compromisso com as famílias do Pati aponta para o fortalecimento e garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, respeitando e valorizando à sua tradicionalidade, em igual proporção à busca da conservação dos recursos naturais do Vale do Pati e da biodiversidade do PNCD como um todo.
O documento resultante dos debates, esclarecimentos e discussões de cada cláusula da minuta realizados pelo Conselho será encaminhado à análise do setor jurídico do ICMBio e posteriormente será novamente avaliado pela comunidade.