"Morro do Castelo, Vale do Pati" |
O início do povoamento
do Vale do Pati remota a mais de um século atrás. Os primeiros moradores se
fixaram na localidade quando a Chapada da Diamantina atravessou uma grande
seca, no final do século XIX. Na região já residiram cerca de 2.000 habitantes,
mas hoje há apenas treze famílias.
A região é muito rica
em recursos hídricos, nela estão importantes nascentes, córregos e rios que
formam o Rio Paraguaçu – um dos principais rios responsável pelo abastecimento de
água da capital baiana. São os grandiosos chapadões (que impressionam os
visitantes) os principais responsáveis por essa riqueza hídrica: os Morros
fazem com que as massas de ar ganhem altitudes, que ocasionaram a queda de sua
temperatura e por conseguintemente o condensamento do vapor – chuva.
A região também
apresenta um rico, diverso e desconhecido (cientificamente) ecossistema. Além
de ser um dos maiores atrativos paisagístico do Parque Nacional Chapada
Diamantina.
A seca na Chapada Diamantina e a certeza
d’água no úmido Vale do Pati atraíram os primeiros moradores da região.
Apesar
do Vale do Pati ser um oasis no meio do sertão, a atual seca que atinge o
interior da Bahia, já preocupa os moradores – não chove forte no Vale do pati
desde Dezembro de 2011. Por conseguinte, essa seca de 2012 tornou-se conversa
freqüente, durante os intervalos das reuniões do Termo de Compromisso,
realizados na ultima semana do mês de Abril.
Não
há falta d’água no Vale do Pati (nem para plantações, animais e turistas), mas
as nascentes e córregos estão com o nível bem abaixo da normalidade. O
preocupante é que os rios que fornecem água
à diversos municípios nascem no vale.
O povoamento
do Vale do Pati está estritamente relacionado com a seca - pois a umidade, a
certeza de água, dava garantia de colheita aos produtores. Em entrevista,
Wilson Rodrigues Oliveira, “Seu Wilson”, 62 anos, um dos moradores mais antigos
do Vale, recordou que “as primeiras
famílias que chegaram (ao Vale do Pati) escapavam da escassez de alimento
provocada pela seca de 1899, procurando uma região úmida, os sertanejos,
adentraram ao Vale do Pati e nele principiaram suas plantações”. Após essa fase
inicial de povoamento, o Vale do Pati, foi durante décadas um grande fornecedor
de gêneros alimentícios para as comunidades garimpeiras vizinhas. O vale
fornecia: banana, cana, café, laranja, lima, jaca, feijão, milho, batatinha,
abobora, entre outros. Além das plantações, em cima do Morro do Castelo, também
existia pecuária extensiva de cabra – tanto que entre os moradores tradicionais
esse morro é apelidado de Morro das Cabras.
Atualmente o povoamento
da região é baixo, treze famílias, mas as diversas ruínas e trilhas de pedras;
assim como a antiga sede da subprefeitura e escolas que lá estão, são registros
históricos de uma época em que na comunidade do Vale do Pati já chegou a
residir cerca de 2.000 habitantes, período que no Vale existiam grande lavouras
de café - os primeiros registros de propriedade de terra no Vale do Pati datam
do final do século XIX.
O contingente
populacional começou a diminuir a partir da década de 50, do século passado -
igualmente a outras tantas zonas rurais do interior do país, quando as
populações do interior migraram (em massa) para as grandes cidades. Além das
“novas oportunidades” das grandes metrópoles que atraíram as populações rurais,
na década de 60, em todo território nacional, o governo adotou uma política de
erradicação dos cafezais. Atraídos pela economia urbana e repelidos pela
política nacional de erradicação do café, que nesse período era a principal
atividade econômica do Vale do Pati, a região ficou a cada vez mais despovoada.
Quando em 1985, José Sarney, então Presidente da Republica decreta a criação do
Parque Nacional Chapada Diamantina, o contingente populacional já estava
reduzido, mas esvaziou ainda mais com a criação do Parque, devido as novas
restrições.
Ciclos da Seca: Conhecimentos científicos e
saberes tradicionais
Estudos sobre a
estiagem no Nordeste, realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), apontam que as Secas da região são cíclicas e ocorrem em um intervalo
médio de 30 a 30 anos. A última seca rigorosa como essa de 2012 ocorreu em
1982. Esse conhecimento científico, resultado de dados históricos e
metereológicos, sobre os ciclos da seca coincidem com o saber local, de “Seu
Wilson” transmitido de geração em geração pela oralidade.
O Povoamento do Pati
iniciou, segundo o morador, foi no ano de 1899, quando a família Gasparino
(avós de “João da igrejinha”), chegou a região escapando da rigorosa seca que
atingia a região. Outra seca marcante foi 1932, da qual os antepassados de seu
Wilson, comentaram bastante. Sem saber precisar exatamente a data, mas entre a
década de 50 à 60, a região foi atingida por outra seca. A seca de 1982 foi
bastante documentada pelas grandes veículos de comunicação, que a apontaram
como a mais rigorosa de todos os tempos. Trinta anos após 82, em 2012, o
interior do Nordeste enfrenta outra rigorosa seca.
Até o momento o
principal impacto causado pela seca no Parque Nacional Chapada Diamantina são
os incêndios florestais. Este ano de 2012, o parque já combateu complicados
incêndios florestas - no final de Março, o PNCD chegou a combater seis focos de
incêndio, simultâneos.
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