No Vale do Pati, alguns, morros e trilhas estão
renomeados pelos visitantes. Moradores locais
indicam que esse processo ocorreu nos pontos turísticos do Vale do Pati, a
exemplo do “Morro do Castelo”, “Ladeira do Império” e na trilha “Quebrabunda”
Os visitantes, ao nomearem os lugares, ignoram
os nomes já dados; e assim mais que apenas mudar os nomes eles dão a esses
lugares uma significação e identidade estranha aos moradores tradicionais. Segundo
a pesquisadora em Comunicação e
Semiótica, Adriana Baggio “ao dar nome às
coisas, o ser humano se apropria delas. Elas passam a fazer parte da cultura,
do cotidiano, das posses das pessoas”.
O Vale do Pati é povoado a mais de um século. Estima-se que, na região,
até metade do século XX, chegaram a residir mais de 2.000 habitantes, período
em que a principal atividade econômica era a agricultura. Entretanto, desde
meados da década de 50 o Vale foi sendo despovoado. Hoje residem na região 13
famílias tradicionais e a principal atividade econômica é o turismo.
A cerca dessa atividade econômica e seus impactos sociais, Karen Vieira e
Antônio Marcus, ressaltam que “O turismo, e todas as atividades que o envolve,
constitui-se essencialmente pelo deslocamento de pessoas e pelo contato entre
elas” e “é inegável as alterações culturais que a atividade turística causa nas
comunidades tradicionais”. E uma das alterações indicadas pelos moradores é a
renomeação dos lugares. Aos moradores do Vale do Pati existe uma nomeação
estrangeira que está se sobrepondo aos nomes dados e familiarizados por eles.
Enquanto os primeiros nomes - apelidados pelos moradores tradicionais,
entre a primeira metade do século XX - fazem parte de suas realidades
histórico-social; os nomes dados pelos visitantes fazem parte de uma realidade
totalmente distinta e distante a eles. Os Morros e trilhas, nomeados pelos
visitantes, como: “Morro Castelo”, e as trilhas do “Quebrabunda” e “Ladeira do
Império”, são mais conhecidos, respectivamente, entre os moradores
tradicionais, por: “Morro das Cabras”, “Ladeira do Arthur” e “Ladeira do
Cachoeirão”. Até metade do século XX, no topo do “Morro das Cabras” (Castelo),
havia criação de cabras. A “Ladeira do
Arthur” tem o nome do antigo proprietário dos Gerais. Já o “Morro Castelo”
(Morro das Cabras) os visitantes, atualmente, assim o chamam porque esse morro
visto de um determinado ângulo, o desenho de seu contorno lembra as ruínas de
algum castelo medieval europeu.
Sobre o ato de nomear, Thami Amarílis, afirma que “Nomear é um ato de
identidade, que promove a identidade”. Os nomes não surgem de uma abstração
vazia de signos, eles possuem associações psicológicas com a realidade, quando
se nomeia um Morro com o nome de “Morro das Cabras”, existe uma relação intima
entre esse nome e os costumes e hábitos locais; quando se altera esse nome para
“Morro Castelo”, esse novo nome faz parte e comunica-se com outros costumes e
hábitos.
Portanto quando mais os nomes dos lugares do Vale do Pati estiverem
associados a uma cultura estrangeira, menos estarão identificadas com os
moradores tradicionais, sua cultura e história.
Conhecido como "Morro Castelo" pelos visitantes, entre os moradores tradicionais esse morro é chamado por: "Morro das Cabras", porque até meados da década de 1950 - no topo do morro - havia criação de cabra.
A "Ladeiro do Cachoeirão" ou "Ladeira do Império" como é mais conhecida pelos
visitantes. É a trilha melhor estruturada do Vale do Pati, e além interliga o
"Pati de baixo" ao município de Andaraí, possui um horizonte
belíssimo - a foto acima, foi tirada durante essa trilha.
Apenas sabia sobre o Morro das Cabras, dos outros desconhecia,legal em buscar em fazer esse resgate dos "nomes de batismo" se assim podemos chama-los.
ResponderExcluirP.S. um correção na legenda da "Ladeira do Cachoeirão ou Ladeira do Imperio no texto cita ladeira do Arthur que nome do quebra bunda. se entendi direito.