A chefe do Parque Nacional, Soraya Martins, ressalta a importância de se encontrar soluções coletivas para a questão do gado, envolvendo produtores, empresários e prefeituras. |
O Conselho Consultivo do Parque Nacional da Chapada
Diamantina (CONPARNA-CD) realizou sua 64ª reunião ordinária nas comunidades
rurais de São Pedro e Libânio, em Mucugê, no dia 20 de setembro. Entre os
principais itens debatidos estiveram o conflito de uso da água no Rio Santo
Antônio e o manejo do gado nas comunidades do município.
Participaram mais de 25 pessoas, a maioria moradores do
próprio município. As reuniões do CONPARNA são itinerantes com o objetivo de ir
até as comunidades para que suas demandas sejam ouvidas.
Atualmente, a comunidade de São Pedro possui 22 famílias
proprietárias de mais de 250 cabeças de gado, que dependem diretamente da
agropecuária para sua subsistência. Por isso, encontrar alternativas para
evitar que os animais sejam levados para pastar nas áreas do Parque Nacional, foi
a principal necessidade apontada pelos moradores.
O morador Manoel Sousa fala sobre a importância de encontrar medidas a longo prazo para o manejo do gado. |
“Os períodos de seca estão cada vez mais longos, por isso,
precisamos achar uma solução permanente que seja boa para o meio ambiente e
para a sobrevivência econômica dos agricultores”, destacou Manoel Sousa,
vereador e morador de São Pedro. Entre as soluções apresentadas por ele, está a
realização de parcerias com empresas agrícolas que cedem suas áreas, em
períodos de descanso do solo, para que os animais sejam alimentados nas épocas
de estiagem.
De acordo com
a chefe do Parque Nacional, Soraya Martins, “a união de produtores, prefeitura
e empresas para buscar uma solução coletiva para o manejo do gado pode ser uma
referência para toda a região”. A gestora se comprometeu em auxiliar no diálogo,
emitindo às empresas uma nota técnica falando sobre a importância ecológica e
social da parceria.
Conflitos de uso da água
No final de agosto, o INEMA (Instituto Estadual do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos) renovou a outorga da empresa Agropecuária Chapadão,
pertencente ao grupo Igarashi, para captação de 25 milhões de m³ de
água do
Rio Santo Antônio. A notícia ganhou destaque na pauta, já que gerou preocupação
de diversos órgãos, especialistas e representantes da sociedade civil, devido à
probabilidade de causar impactos danosos ao meio ambiente e a vida da população
local.
Representante do Instituto Nascentes do Paraguaçu, Danielle Vilar, apresenta a problemática acerca da renovação da outorga concedida à empresa Igarashi. |
De acordo com Soraya , existe uma suspeita de que esta e
outras outorgas influenciem negativamente a quantidade e qualidade ecológica
das águas do Marimbus, localizado dentro do Parque Nacional e da APA Marimbus
Iraquara.
O ICMBio solicitou ao INEMA dados técnicos sobre os processos
de outorga cedidas para empreendimentos no rio Santo Antônio. O intuito é
compreender a quantidade de água que está sendo utilizada e os parâmetros
técnicos de emissão e monitoramento das outorgas.
A partir destas informações, e outras pesquisas realizadas
por universidades, o Parque Nacional irá definir os encaminhamentos adequados
para a questão e apresentá-los publicamente na próxima reunião do CONPARNA, no
dia 07 de dezembro, em local a ser definido.
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