quinta-feira, novembro 09, 2017

ICMBio debate credenciamento de condutores no Parque Nacional da Chapada Diamantina

Medida visa incentivar a qualificação e formalizar a atividade oferecida dentro da Unidade de Conservação. A construção das normas para o credenciamento está sendo realizada de forma participativa 

Reunião com os representantes de condutores em Lençóis 
Nos meses de setembro e outubro, o ICMBio realizou reuniões com representantes das associações de condutores de visitantes para consultá-los acerca da proposta de credenciamento para atuação dentro do Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD). Os encontros ainda estão ocorrendo nos seis municípios abrangidos pelo Parque Nacional: Andaraí, Ibicoara, Itaetê, Lençóis, Mucugê e Palmeiras.

O objetivo da ação é valorizar os condutores que cumprem as normas do Parque Nacional, que estão preparados para prestar primeiros socorros e realizam o trabalho dentro de padrões específicos.

“Atualmente, a atividade é realizada por centenas de condutores. Desde os mais especializados, que oferecem serviços como observação de aves, até os chamados ‘guias de verão’, pessoas sem qualificação e pouca experiência que atuam na alta temporada. Por isso, o credenciamento representará um diferencial para quem realiza seu trabalho dentro dos padrões desejados”, explica Marcela de Marins, analista ambiental do ICMBio.

Quem estiver credenciado contará, por exemplo, com a divulgação de seu nome, que será realizada pelo Parque Nacional, e terá uma identificação visual, facilitando seu reconhecimento por parte dos visitantes.

O condutor é quem está diariamente no Parque Nacional e possui contato direto com os turistas, portanto, a sua conduta alinhada aos objetivos da conservação é fundamental. “Eles são os nossos olhos na trilha e possuem o papel de multiplicadores, determinam a qualidade da interação do visitante com a natureza e a sua compreensão da conservação da biodiversidade”, destaca Marcela. 

A organização da atividade no interior do PNCD tem ganhado apoio de representantes da categoria, como o guia de turismo e presidente do Conselho Municipal de Turismo de Lençóis, Dioclides Araújo. “A ação irá influenciar na melhoria do serviço oferecido pelos profissionais e o condutor que se credenciar terá um diferencial. Todo mundo vai sair ganhando”, afirma Araújo.

Ele conta que a necessidade de regularização já vem sendo discutida, inclusive, em âmbito municipal. “As próprias associações de condutores querem aperfeiçoar algumas leis para credenciar a atividade dentro dos municípios”. 

A proposta que vem sendo discutida estabelece, entre outros itens, quais são os requisitos que os condutores devem possuir para solicitar o credenciamento, os mecanismos de avaliação de suas competências e as contrapartidas que serão realizadas para o Parque Nacional.

A construção das normas do credenciamento foi iniciada pelo Grupo Temático de Visitação do Conselho Consultivo do PNCD (CONPARNA-CD), em 2013. A partir das considerações apresentadas pelos condutores de visitantes da região do Parque Nacional a proposta será consolidada e levada para apreciação do CONPARNA-CD. Posteriormente, será encaminhada para o setor jurídico do ICMBio, em Brasília, para aprovação e publicação no Diário Oficial da União. “Espera-se que o processo de credenciamento tenha início no segundo semestre de 2018”, afirma Marcela.

quarta-feira, novembro 08, 2017

Trabalho de brigadistas é fundamental para combate

Mesmo exaustos, voluntários e contratados atuaram diariamente para debelar incêndio no sul do Parque Nacional 



Por doze dias, brigadistas atuaram de forma ininterrupta para conter o incêndio que atingiu a região da Chapadinha, localizada ao sul do Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD). Cerca de mil hectares foram atingidos e o prejuízo não foi maior, graças ao trabalho engajado de muitas pessoas. 

“Os brigadistas são os protagonistas dessa ação. Todos os dias tivemos cerca de 30 voluntários e 50 contratados do IBAMA e ICMBio”, afirma a chefe do PNCD, Soraya Martins. “E nós ficamos com a responsabilidade de garantir a coordenação estratégica e a logística de transporte e suprimento para eles”, completa. 

Para a chefe do Parque Nacional, que possui experiência na gestão de unidades de conservação em outros estados, o engajamento local é admirável. “Recebemos voluntários de diversos municípios do entorno, até dos mais distantes, que encararam, em alguns casos, mais de três horas de viagem, somadas a mais duas de caminhada até o local do incêndio”.

Um trabalho árduo que é realizado por amor a natureza, como afirma Cid, brigadista contratado do ICMBio e também membro da Brigada Carcará, de Palmeiras, que acaba de passar dez dias consecutivos em combate. “Eu luto por diversos motivos: para defender as nascentes e garantir água para as futuras gerações, pelos animais e porque, desde pequenino, o PNCD me traz felicidade e bem-estar”.

Para Augusto Galinares, presidente da Brigada de Resgate Ambiental de Lençóis (BRAL), a sua motivação vem da vontade de defender o lugar onde vive. “É a minha forma de contribuir para a preservação do meio ambiente e é algo que sinto muito orgulho em fazer”, destaca.  O brigadista também afirma que, por mais que existam as brigadas contratadas, “todos nós temos um limite”, já que o trabalho é extremamente exaustivo. “Em um grande combate, é inevitável que sejam necessárias mais pessoas para contribuir”.



A presença das brigadas em todo o território vem surtindo efeito ao longo dos anos. Segundo Luiz Coslope, gerente de fogo do PNCD e chefe de operações do combate, “em 2002,  chegamos a registrar 250 focos, mas no ano passado nossas brigadas, contratadas e voluntários, atuaram em cerca de 30”, afirma.

Para a chefe do Parque, isso se deve a uma mudança na postura das comunidades locais, que não toleram mais as práticas que colocam a região sob-risco de incêndios florestais. “Todos os brigadistas têm papel fundamental nessa mudança”, afirma. Em 2015, em entrevista a revista Época, o promotor regional de Meio Ambiente, Augusto Matos, afirmou que os brigadistas “são a maior força humana” contra os incêndios na Chapada Diamantina.

Além do combate direto, voluntários reforçaram outras frentes importantes, como a logística, manutenção de veículos e transporte. O fogo foi controlado no dia 31 de outubro e, após 72 horas de monitoramento, foi considerado extinto. “O clima é de missão cumprida!”, diz Soraya.