Pesquisas

Um dos objetivos primordiais do Parque Nacional Chapada Diamantina é proteger uma grande e única amostra de ambientes onde ocorrem simultaneamente os biomas de Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica que situa dentro de seus limites territoriais.
Há a impossibilidade de manter - todo - esse território isolado de ações antrópicas, como: turismo, agropecuária e incêndios florestais. Entretanto existem grandes núcleos do Parque que pouco sofrem interferências de atividades humanas.  
Esses núcleos preservados dentro do parque apresentam esplendorosa biodiversidade, que para os pesquisadores são um laboratório magnífico ao “ar livre”, que possibilita estudos complexos da estrutura da floresta, da interação e interdependência entre as espécies, além das diferentes vulnerabilidades ou resistências da flora e fauna florestal quanto a impactos ambientais.

Como acontecem as pesquisas no parque

Pesquisas do ICMBio

Estudar a fauna e a flora é fundamental para o manejo do parque, pois é imprescindível conhecer o complexo funcionamento dos ecossistemas para assim protege-la devidamente. Portanto as pesquisas do órgão gestor são enfocadas em ampliar os conhecimentos que, direcionado pelo Pano de Manejo, buscam:

  • Proteger diversas espécies endêmicas
  • Proteger extensas e ricas áreas de campos rupestres e suas diferentes fitofisionomias
  • Ampliar o conhecimento e entender as diferenças e similaridade dos campos gerais
  • Proteger e manter os remanescentes das diversas fisionomias de Mata Atlântica
  • Propiciar condições para atrair pesquisas científicas que identifiquem os fatores que determinaram a evolução e consequentemente formação do mosaico na cobertura vegetal existente
  • Assegurar os processos ecológicos naturais que vigoram e garantem a existência do Marimbus
  • Garantir a conservação da rica drenagem do Parque, supridor de água para cerca de oitenta municípios da Bahia, além da capital Salvador
  • Promover detalhamento dos estudos do patrimônio arqueológico, especialmente os sítios de artes rupestres.
  • Garantir a conservação das espécies da fauna nativa, em especial daquelas ameaçadas ou em perigo de extinção;
  • Difundir o papel histórico das aves onde ocorreu a mineração do diamante, principal responsável pêra formação das cidades e da cultura do povo da região.
  • Ampliar o conhecimento do patrimônio espeleológico de modo a preservá-lo e propiciar a visitação em algumas de suas expressões.

Orientado por essas diretrizes hoje o ICMBio realiza as seguintes pesquisas: distribuição e estrutura populacional de espécies de plantas ameaçadas de extinção e dinâmica dos incêndios na vegetação do PNCD.

Distribuição e estrutura populacional de espécies de plantas ameaçadas de extinção.

A Chapada Diamantina é rica em endemismos e tem uma grande diversidade ambiental. Muitas espécies presentes na região encontram-se ameaçadas de extinção. A equipe do PNCD desenvolveu em 2010, um projeto onde quatro espécies nativas tiveram sua demografia avaliada.
Uma delas, Adamantinia miltonioides, está na lista oficial das espécies ameaçadas de extinção. Os resultados mostram que A. miltonioides é uma espécie rara, com ocorrência restrita a um habitat especifico, mas com uma grande produção de frutos no período estudado. Outra espécie, Mauritia Flexuosa, é pouco comum na região, embora tenha uma ampla distribuição geográfica. As populações de Mauritia flexuosa são relictuais e submetidas a uma forte pressão pelas atividades antrópicas, sendo fundamental para a sua sobrevivência na região que se evite a ocorrência de incêndios nas áreas onde ocorre. Uma terceira espécie, Ipomoea sp. Nov, ocorre na face leste da Serra do Sincorá e aparentemente está sofrendo uma exploração predatória, pois é utilizada com alimento pela população local. A última espécies estudada, Syagrus harlevi tem ampla distribuição na Serra do Sincorá, não corre risco de extinção e tem populações densas.
Para 2011, propõe ampliar as abordagens do projeto original, passando a abranger oito espécies ameaçadas de extinção (Adamantinia miltonioides, Cattleya sincorana, Cattleya tenuis, Cattleva velutina, Tabebuia selachidentata, Euterpe edulis, Arrojadoa bahiensis e Thelyschista ghillanyi), das quais se fará a caracterização da distribuição geográfica e a analise da estrutura populacional (demografia) de suas populações.    
Além destas ações, esforços no sentido de enviar material de Adamantinia miltonioides a instituições que possam reproduzi-las fora de seu habitat e estudos envolvendo a germinação de duas espécies de arecaceae (Syagrus harleyi e Mauritia flexuosa) também serão incluídos. Amostra de quatro espécies (A. miltonioides, C. sincorana, C. tenuis e Arrojadoa bahiensis) serão coletadas e enviadas a Universidade Estadual de Feira de Santana para caracterização genética, utilizando microssatélites. Os resultados obtidos nos testes de germinação e revisões nas populações de Mauritia fexuosa servirão para avaliar a pertinência de se realizar o plantio de mudas desta espécie nas áreas onde ela se encontra mais ameaçada de extinção local.
Estas análises serão realizadas utilizando softwares que estimam o risco de extinção de espécies. Todos os dados serão georreferenciados e originaram mapas e bancos e dados sobre as espécies.

Dinâmica dos incêndios na vegetação do PNCD.

O Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD) é a unidade de conservação onde se registra o maior número de focos de incêndio entre aquelas gerenciadas pelo ICMBIO. Os efeitos desta alta incidência de fogo sobre a vegetação ainda são desconhecidos. No entanto sabe-seque suas causas são, em grande maioria, antrópicas (extração vegetal, garimpo, caça, piromania, gado, dentre outros).
O presente projeto pretende conhecer a dinâmica do fogo na região. Resultados preliminares apontaram para uma concentração do fogo em determinadas áreas do Parque, com diferentes regimes de queima e intensidade na ocorrência dos incêndios. As ações proposta visam aprimorar os resultados obtidos por imagens de satélite. Dados meteorológicos também serão avaliados para verificar a relação entre as variações climáticas regionais e a ocorrência de incêndios. Estudos buscam avaliar as diferenças na estrutura e na biomassa da vegetação nas diversas áreas do PNCD também serão conduzidos.
Analises propostas para o ano de 2010 abrangeram uma série temporal de imagens do satélite Landsat, obtidas  do INPE, entre os períodos de 1973 e 2010. Ao se sobrepor as áreas queimadas no mapa de setores de combate a incêndios, percebe-se que os limites de muitos setores apresentaram eficácia na extinção ou na redução de propagação do incêndio.
Outros dados preliminares permitiram selecionar áreas para o levantamento fitossociologico da vegetação, a partir da analise de imagens de satélite e dos relatórios de ocorrência de incêndios (ROI). O objetivo é apurar eventuais diferenças na estrutura da vegetação que pudessem estar relacionadas com as recorrências de incêndios. Três áreas foram demarcadas, dentro do PNCD: Três Morrinhos, em Mucugê; Barro Branco, em Lençóis e Morrão, em Palmeiras. Estes dados auxiliaram no planejamento estratégico do órgão gestor, indicando áreas prioritárias no combate ao fogo.